sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Dos vícios de linguagem (e outras coisinhas)

Eu sou o tipo de pessoa que não consegue terminar uma frase sem colocar "tipo" no meio. Vai completamente contra a minha natureza explicar uma situação sem gaguejar e soltar uns quarenta "tipos", enquanto estalo os dedos tentando lembrar qual a palavra que estava na ponta da língua mas pulou fora antes de eu conseguir dizê-la.

Também sou o tipo que detesta ter que começar uma fala sem colocar um "gente" primeiro. Significa que, provavelmente, eu não tenho intimidade com a pessoa com quem estou falando - e, nessas horas, eu travo. Também pode significar que a situação em questão é formal demais para o uso de gírias, então vou ter que contar os "gente", os "tipo", os gaguejos e parar de estalar os dedos.

Mas essa reflexão aí foi só um desabafo, não era exatamente o que eu pretendia com esse post.

Como de praxe, voltei só para pedir desculpas por ter abandonado o blog. Vou falar que não fiz nada de útil, que não sei porquê parei de escrever, que pretendo voltar com mais posts, que quero fazer atualizações regulares. Talvez eu diga algo sobre dar uma "repaginada" no Entrelinhas. Talvez mencione as metas feitas no começo do ano (das quais eu já abri mão), talvez conte que já preparei as para 2016 (bem mais simples e modestas, porque não estou no clima pra ficar prometendo coisas que não vou cumprir). Talvez eu diga várias besteiras, ou talvez eu diga apenas que a vida tem dessas.

Acho que eu nunca soube que não conseguiria manter um blog semanal, porque eu não sou dessas que sabe lidar com prazos. No dia a dia, sou obrigada a realizar trabalhos nos quais não estou nada interessada e entregar na data marcada. Tenho que lavar e secar a louça até o horário estipulado pela minha mãe, preciso fazer as tarefas um dia antes da apresentação, arrumar meu quarto antes de dormir não é opcional.

Logo, quando faço algo por prazer, eu faço no meu ritmo. No meu tempo. E sem prazos.

Olhando por esse lado (que eu, thank God, posso dizer que sempre soube que existia em mim), parece que sempre esteve muito óbvio que eu levaria o Entrelinhas exatamente dessa forma. Então, o fato de eu ter tentado estipular prazos e regras, só pode significar uma coisa: eu sempre vi o blog como uma obrigação.

Talvez seja porque nos primórdios da minha existência na blogsfera, eu atualizava meus trequinhos todos os dias. Talvez seja porque eu achava que precisava escrever com frequência, porque faria com que eu me sentisse melhor a respeito de qualquer coisa que estivesse acontecendo na minha vida. Mas things change. Friends leave. And life doesn't stop for anybody.

O que realmente acontece é que eu não sinto mais aquela necessidade de escrever posts enormes desabafando sobre os problemas do cotidiano. Gosto de compor uma musiquinha na minha cabeça, de fazer várias reflexões pesadíssimas quando estou indo dormir, de falar mal de gente otária no twitter... Mas não acho nada disso necessário. Faço porque quero, quando quero e onde quero. Não encaro como um compromisso, e nós nos damos bem.

Podemos concluir que meu primeiro erro foi achar que precisava criar um blog por necessidade. Gente, necessidade é o que nós fazemos no banheiro. Pra mim, escrever é um hobbie.

Acho que eu não sou tão escritora quanto acreditava ser há uns oito anos.

Entretanto, não sou trouxa de acreditar que admitir tudo isso me deixará mais "solta" para atualizar o Entrelinhas com frequência. Não vai mudar. A diferença é que eu não vou mais aparecer pedindo desculpas por ter dado chá de sumiço, quando não há nenhuma cláusula me obrigando a ser uma escritora assídua que cumpre prazos. Esses prazos não existem aqui. Eu vou, volto, sumo, reapareço, e faço isso no meu ritmo.

Quem quiser reclamar, não pode reclamar. Meu blog, minhas regras.

Acho que essa minha mania de encarar a escrita como uma obrigação já me trouxe muita coisa ruim. São dezenas de histórias, contos e fanfics parados por falta de vontade. Se eu não tivesse passado os últimos anos me iludindo de que é necessário escrever, muitos projetos já teriam sido concluídos (no tempo estipulado por mim e controlado por Deus).

(Abrindo um parênteses aqui pra voltar ao tema dos vícios de linguagem. Sei que parece que eu sou tri religiosa por causa das várias referências cristãs ao longo das minhas falas, mas é só mais uma das minhas várias manias. Não tenho religião nenhuma.)

De agora em diante, nada de transformar hobbie em coisa séria. Hobbie é hobbie, coisa séria é coisa séria. Misturar os dois não vai funcionar aqui.

É só isso, mesmo. Espero acabar o post especial do qual falei no último até dezembro, mas acho difícil. Se não rolar, vocês me veem na Retrospectiva 2015 (dois meses, gente. Passou que nem um sopro). See ya.

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